Neca Rafael Fingi que Morri
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Fingi que morri p'ra ver • De todos, qual mais chorava • E vi que minha mulher • C'oa mãe, dançava e cantava • Bate á porta, o armador / Que vem trazer o caixão • Elas, em gritos de dôr / Desempenham um papelão • E depois ele foi embora / Cheio de dar-lhes conforto • Já nenhuma delas chora / E toca a vestir o morto • A farpela era apertada / Que até me punha encolhido • Pois tinha comprada / A um tipo já falecido; • Pois tinha sido comprada / Prós lados do Carvalhido • Mas a sogra pega e zás / Pensou bem, e de repente • Descoseu a casaca atrás / P'ra abotoar bem, á frente • Depois foram p'rá cozinha / Sem respeito algum por mim • Comeram uma galinha / Depois cantaram assim • O que se leva desta vida é o que se come é o que se bebe • E o que se brinca ai, ai • O que se leva desta vida é o que se come, é o que se bebe • E o mais mal é de quem vai • E só se foram deitar depois de ter escoado um valente garrafão • Eu então muito zangado, pior que um gato assanhado • Saltei fora do caixão • Saltei fora do caixão / Mas p'ra não fazer chinfrim • Saí, deixei um cartão / Que á sogra dizia assim; • Querida sogra, és bestial / P'ra cantar e p'ra sambar • P'ra não estar a cheirar mal / O morto foi passear • E não volto mais aqui / Já vi bem o que isto é • Guarda lá o caixão p'ra ti / Que eu morrendo, vou a pé • fonte: http://fadosdofado.blogspot.pt/2008/0...
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